Ao ser entrevistado no Panorama Seridó (Rádio Caicó AM) desta terça-feira, o bispo da Diocese de Caicó, Dom Manuel Delson Pedreira confirmou ter recomendado a todos os padres do clero seridoense que evitassem comercializar bebidas alcoólicas, nos eventos realizados pelas paróquias, e principalmente nas festas dos padroeiros. Dom Delson disse que não chegou a ser uma imposição, já que se fosse se sentiria na obrigação de punir os que não atendessem sua determinação. "Eu não estou proibindo ninguém de beber, mas estamos orientando os nossos padres para que não vendam bebidas. Os outros são livres, nós não", explicou Dom Delson.
Seguem trechos da entrevista:
Marcos Dantas: Porque a recomendação aos padres da diocese para que não vendam bebidas alcoólicas nas festas de padroeiro?
Dom Delson: Sabemos dos efeitos da bebida alcoólica na vida das pessoas, as dependências químicas, as portas abertas para as outras drogas e as conseqüências das pessoas embriagadas que sofrem acidentes, tem problemas de saúde, são tantas conseqüências na vida das pessoas que não condiz com aquilo que a igreja prega e ensina que é a sobriedade. Então orientamos os padres e as paróquias para que separem as coisas que as nossas festas religiosas sejam para proclamar o evangelho, que fortalece o principio de proteger a vida. Como estamos defendendo a vida, e vendendo bebidas alcoólicas nas festas religiosas? Isso condiz com o ensinamento religioso do evangelho? Se alguém acha que condiz, venha me dizer, porque não é esse o evangelho que estamos pregando. Evidentemente que existe uma tradição por aí. Inclusive um dos temas das novas diretrizes que aprovamos em Aparecida na ultima assembléia, trata-se de uma conversão pastoral, é a gente mudar estruturas que não condizem com a nossa realidade. E essa é uma tradição que precisa se mudar, para que a nossa pregação realmente venha trazer os efeitos desejados, e nao pareça que é uma coisa contraditória. Falamos no altar uma coisa justa e certa, e na mesma hora, na frente da Igreja nós praticamos outra coisa bem diferente.
Dom Delson: Sabemos dos efeitos da bebida alcoólica na vida das pessoas, as dependências químicas, as portas abertas para as outras drogas e as conseqüências das pessoas embriagadas que sofrem acidentes, tem problemas de saúde, são tantas conseqüências na vida das pessoas que não condiz com aquilo que a igreja prega e ensina que é a sobriedade. Então orientamos os padres e as paróquias para que separem as coisas que as nossas festas religiosas sejam para proclamar o evangelho, que fortalece o principio de proteger a vida. Como estamos defendendo a vida, e vendendo bebidas alcoólicas nas festas religiosas? Isso condiz com o ensinamento religioso do evangelho? Se alguém acha que condiz, venha me dizer, porque não é esse o evangelho que estamos pregando. Evidentemente que existe uma tradição por aí. Inclusive um dos temas das novas diretrizes que aprovamos em Aparecida na ultima assembléia, trata-se de uma conversão pastoral, é a gente mudar estruturas que não condizem com a nossa realidade. E essa é uma tradição que precisa se mudar, para que a nossa pregação realmente venha trazer os efeitos desejados, e nao pareça que é uma coisa contraditória. Falamos no altar uma coisa justa e certa, e na mesma hora, na frente da Igreja nós praticamos outra coisa bem diferente.
Seria uma incoerência então?
É essa incoerência que temos que superar e a igreja nos pedem conversão. A gente tem que converter não somente as pessoas individualmente, mas certas estruturas e práticas. E eu louvo que monsenhor Edson tem tomado esta decisão juntamente com sua equipe da Paróquia de Santana, de não vender bebidas alcoólicas durante a festa de Santana no pavilhão, como outras paróquias já tomara. São José do Seridó já vem fazendo isso há muito tempo. Santana do Seridó começou no ano passado e está muito bem. Não houve nenhum prejuízo para a qualidade religiosa da festa. Ao contrário, melhora mais ainda o sentido religioso das nossas festas. É essa que estou orientando e refletindo com os padres. Não tenho medo de dizer isso.
É essa incoerência que temos que superar e a igreja nos pedem conversão. A gente tem que converter não somente as pessoas individualmente, mas certas estruturas e práticas. E eu louvo que monsenhor Edson tem tomado esta decisão juntamente com sua equipe da Paróquia de Santana, de não vender bebidas alcoólicas durante a festa de Santana no pavilhão, como outras paróquias já tomara. São José do Seridó já vem fazendo isso há muito tempo. Santana do Seridó começou no ano passado e está muito bem. Não houve nenhum prejuízo para a qualidade religiosa da festa. Ao contrário, melhora mais ainda o sentido religioso das nossas festas. É essa que estou orientando e refletindo com os padres. Não tenho medo de dizer isso.
Mas houve reação?
Se alguém discorda ou se alguém me ataca eu fico muito contente, porque estou sendo atacado por uma coisa justa. Quando a gente é criticado porque está fazendo a coisa correta, a gente não se importa e agradece esses ataques. Agora, se estivesse fazendo uma coisa errada e fosse criticado, aí isso chateia porque tem que mudar. Mas essa minha posição não, tenho paciência, reconheço que existe uma prática que vem de muito tempo, e vou acompanhando, orientando. Já disse isso outra vez que água molhe em pedra dura, tanto bate até que fura. Vou falando, repetindo e mostrando os efeitos dessa prática que não condiz com o anuncio do evangelho que nós fazemos. Nós temos a Fazenda Belo Amor, que tanta cuidar daqueles que são dependentes, com muita dificuldade. As famílias sabem disso e o prejuízo é muito grande para a sociedade, a questão do alcoolismo. E nós não podemos estar incentivando nas nossas igrejas. A nossa posição é essa. Muito clara e transparente. Que as pessoas que tem bom senso entendam. Para quem gosta de tomar uma bebida, vão comprar e não vai ser vendida pela igreja. Eu não estou proibindo ninguém de beber, mas estamos orientando os nossos padres para que não vendem bebidas. Os outros são livres, nós não.
Se alguém discorda ou se alguém me ataca eu fico muito contente, porque estou sendo atacado por uma coisa justa. Quando a gente é criticado porque está fazendo a coisa correta, a gente não se importa e agradece esses ataques. Agora, se estivesse fazendo uma coisa errada e fosse criticado, aí isso chateia porque tem que mudar. Mas essa minha posição não, tenho paciência, reconheço que existe uma prática que vem de muito tempo, e vou acompanhando, orientando. Já disse isso outra vez que água molhe em pedra dura, tanto bate até que fura. Vou falando, repetindo e mostrando os efeitos dessa prática que não condiz com o anuncio do evangelho que nós fazemos. Nós temos a Fazenda Belo Amor, que tanta cuidar daqueles que são dependentes, com muita dificuldade. As famílias sabem disso e o prejuízo é muito grande para a sociedade, a questão do alcoolismo. E nós não podemos estar incentivando nas nossas igrejas. A nossa posição é essa. Muito clara e transparente. Que as pessoas que tem bom senso entendam. Para quem gosta de tomar uma bebida, vão comprar e não vai ser vendida pela igreja. Eu não estou proibindo ninguém de beber, mas estamos orientando os nossos padres para que não vendem bebidas. Os outros são livres, nós não.
Chega a ser uma imposição, ou o senhor está inicialmente recomendando?
Uma imposição, aí é uma coisa que os padres têm que cumprir. Se não cumprir eu vou lá e tiro o padre da paróquia. Eu não estou fazendo isso. Estou recomendando. Se o padre ver que ainda não é a hora, se o padre ver que as pessoas ainda não estão preparada, se o padre que ainda não tem coragem de tomar uma decisão, porque é fraco, então a gente respeita tudo isso, respeitamos as fraquezas dos próprios padres, que tremem, ou padres que gostam de beber e defendem tudo isso.
Uma imposição, aí é uma coisa que os padres têm que cumprir. Se não cumprir eu vou lá e tiro o padre da paróquia. Eu não estou fazendo isso. Estou recomendando. Se o padre ver que ainda não é a hora, se o padre ver que as pessoas ainda não estão preparada, se o padre que ainda não tem coragem de tomar uma decisão, porque é fraco, então a gente respeita tudo isso, respeitamos as fraquezas dos próprios padres, que tremem, ou padres que gostam de beber e defendem tudo isso.
Mas tem que ter coragem pra tomar uma decisão desta?
Claro que tem. Vem de uma tradição de muitos anos, de prática. E a gente sabe que toda tradição tem um peso. Eu sei de gente católica, que defendem os princípios católicos com unhas e dentes, mas defendem a bebida também. Então temos que ir esclarecendo até que as pessoas usem a razão e a partir dos motivos lógicos e racionais, cheguem a compreender a motivação da nossa proposta, de separar a festa religiosa da festa profana. Hoje existe espaço, a Ilha de Santana está aí para quem quiser tomar sua bebida. Essas coisas não se mudam de um dia para o outro. Isso exige tempo e processo de conversão. E nós estamos neste processo.
Claro que tem. Vem de uma tradição de muitos anos, de prática. E a gente sabe que toda tradição tem um peso. Eu sei de gente católica, que defendem os princípios católicos com unhas e dentes, mas defendem a bebida também. Então temos que ir esclarecendo até que as pessoas usem a razão e a partir dos motivos lógicos e racionais, cheguem a compreender a motivação da nossa proposta, de separar a festa religiosa da festa profana. Hoje existe espaço, a Ilha de Santana está aí para quem quiser tomar sua bebida. Essas coisas não se mudam de um dia para o outro. Isso exige tempo e processo de conversão. E nós estamos neste processo.
Eu creio que a maioria sim. Eu acho que todos estão trabalhando para mudar. Alguns são mais rápidos no entendimento e no assumir os compromissos e vão fazendo as coisas. Creio que pouco a pouco vamos criando esse clima e toda a diocese estará assumindo essa posição, que é a mais lógica e condizente com o evangelho que pregamos.
Quando o senhor fala em estar preparado para aceitar as críticas, se refere a feirinha de Santana, principal momento social da festa de Caicó?
Eu não sei como monsenhor Edson está programando essa questão da feirinha. Eu pelo menos foi todos os anos para feirinha pela manhã, tomo meu refrigerante, provo da culinária da região e volto pra casa e não vejo mais nada. O pessoal diz que no período da tarde lá só fica bebida. Pela manhã eu acho um clima muito positivo e acho que deve continuar. Mesmo que outros queiram lá vender sua cerveja, nós não temos nada com isso. Nossa recomendação é que a igreja não comercialize a bebida alcoólica. Pouco a pouco acho que vamos levando que outros também tomem essa decisão. Eu não sei como será a feirinha este ano, mas acredito que não vai perder qualidade não. A igreja não vai vender, outros vendem, vão lá, participam, compram os alimentos e festejam num mundo familiar, como vemos nas ceias e almoços em festas de padroeiro. Aquilo que fica depois, termina a feirinha fica o pessoal lá bebendo até não poder mais, aquilo é o contra testemunho.
Eu não sei como monsenhor Edson está programando essa questão da feirinha. Eu pelo menos foi todos os anos para feirinha pela manhã, tomo meu refrigerante, provo da culinária da região e volto pra casa e não vejo mais nada. O pessoal diz que no período da tarde lá só fica bebida. Pela manhã eu acho um clima muito positivo e acho que deve continuar. Mesmo que outros queiram lá vender sua cerveja, nós não temos nada com isso. Nossa recomendação é que a igreja não comercialize a bebida alcoólica. Pouco a pouco acho que vamos levando que outros também tomem essa decisão. Eu não sei como será a feirinha este ano, mas acredito que não vai perder qualidade não. A igreja não vai vender, outros vendem, vão lá, participam, compram os alimentos e festejam num mundo familiar, como vemos nas ceias e almoços em festas de padroeiro. Aquilo que fica depois, termina a feirinha fica o pessoal lá bebendo até não poder mais, aquilo é o contra testemunho.
Por Marcos Dantas | |
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